quinta-feira, outubro 07, 2004

trindade

Distinguem-se 3 tipos de amor, susceptíveis de encaixarem uns nos outros:
1. EROS (erotismo). É o amor carnal, sexual. O desejo físico do outro exprime-se pela paixão amorosa, vivida, muitas vezes, na falta e no sofrimento.
2. PHILIA (amizade). O amor carnal evolui para o amor-ternura. Não é mais somente um instinto carnal, ou uma concupiscência. Ele dá-se. É alegre, expansivo. É o amor conjugal realizado e aquele que é dado aos seus filhos e reciprocamente. É também amizade. No entanto, permanece mais ou menos interessado.
3. AGAPE (caridade). É o amor dado sem procura de contrapartida. É o bem por excelência. Os crentes encontram a sua fonte em Deus, que é amor.
Há pois oposição entre o amor-EROS de concupiscência e de cobiça, e o amor-PHILIA, ou Agape, que são amores de benevolência e de amizade. Quer-se bem a alguém, em vez de o possuir. Os dois sentimentos, na maior parte das vezes, justapõem-se.
O amor-EROS não é uma virtude. «É uma questão de sentimento e não de vontade, diz Kant, e eu não posso amar porque eu o quero, menos ainda porque eu o devo; daí se conclui que um dever de amar é um contra-senso.»
Efectivamente, «o amor não se comanda porque é ele quem comanda, diz A. Comte-Sponville.»Mas à medida que se avança na sabedoria e na virtude, desligamo-nos dos desejos egoístas e elevamo-nos nos graus do amor.
Primeiro, só se ama a si mesmo, depois o outro e depois os outros.
Assim, «a benevolência nasce da concupiscência pois o amor nasce do desejo, do qual não é mais que a sublimação alegre e satisfeita. Este amor é uma virtude: querer o bem do outro é o próprio bem» (Ibidem, p. 349.)É o ideal. «O ideal da santidade», sublinha Kant. Ele guia-nos e ilumina-nos. É uma virtude pois é uma excelência.
E, milagre, «o amor que realiza a moral liberta-nos dela». «Ama e faz o que quiseres», dizia Santo Agostinho.O amor é pois, o começo de tudo.



(in Jean Guitton et Jean-Jacques Antier – Le Livre da la Sagesse et dês Vertus Retrouvées)

2 comentários:

lobices disse...

...claro que o caminho de Ágape não é fácil mas é "o" caminho... claro que um jovem de 20, 30, 40, etc. deve pensar em Eros (eu também penso e amo dessa forma), porém o caminho Ágape só muito mais tarde se encontra; e, na verdade, não é nada fácil e poucos o conseguem percorrer...

Anónimo disse...

Como dizes, o amor é o começo...e deve-se começar, penso eu, por amar a própria vida. Vivendo-a intensamente nas três fases do Amor.
beijo grande
Cinda