…tenho “defendido” há já alguns anos, a ideia de que o Universo não é aquilo que nos dizem que ele é mas sim aquilo que eu digo que é! Isto nada tem a ver com presunção, tem a ver com a realidade que cada um de nós “fabrica”…Não és tu ou ele que me diz o que é a minha realidade ou a minha verdade, da mesma forma que ninguém me diz o que é ou como é o Universo; sou eu que “faço” o meu e cada um de nós “fabrica” o seu próprio Universo…O conhecimento que cada um de nós possui da realidade que nos cerca, é um “saber” individual (ainda que possua saberes colectivos) pois ele é obtido através dos nossos sentidos que transmitem ao nosso cérebro o que nos rodeia…Nada mais “objectivo” do que se afirmar que um invisual não “vê” e por muito que se lhe diga o que é a Lua, ele fará sempre um ideia por ele “fabricada” e nunca conceberá a “minha” Lua…A Lua que eu vejo não é a mesma que ele “vê”…Daí que, não existe um Universo único igual para todos; existem biliões de Universos, um para cada um de nós, um para cada ser que o vê, o cheira, o ouve, o saboreia e o sente…Não é difícil “provar” esta “tese”; parece que numa forma primária a simplista, todos estarão de acordo comigo, já que cada um tem a sua própria verdade, ainda que existam verdades universais (sei lá, por exemplo, o sol é uma estrela e está quieto, sendo os planetas que giram à volta dele…) elas não se “cimentam” universalmente na medida em que esse “saber” não é possuído por todos os seres humanos…Geneticamente trago comigo a memória dos genes de meu pai e de minha mãe; trago comigo alguns saberes mas outros foram adquiridos por mim e não por eles; criei os meus “dados”, elaborei as minhas “listagens”, fiz os meus “mapas”, etc., em tudo de uma forma muito diversa dos deles…Assim eu tenho o meu Universo e minha mãe, por exemplo, com quem vivo num mesmo espaço e num mesmo tempo, tem o Universo dela…O meu Universo tem galáxias; o Universo de minha mãe não tem…O meu Universo tem um satélite que gira à volta do meu planeta, que recebe a luz do sol e a reflecte para a terra; o Universo de minha mãe tem uma lua que vai crescendo e que tem luz à noite e que depois desaparece mingando aos poucos…O meu Universo tem sistemas estelares a milhares de anos-luz; o Universo de minha mãe tem pontinhos brilhantes que se acendem à noite e que estão ali em cima…O meu Universo tem o sentido da perspectiva; o Universo de minha mãe não tem…O meu Universo tem coisas imensas que não existem no Universo de minha mãe…Então, como pode ser?…O grande “problema” é que os nossos dois universos não se complementam nem interagem; pura e simplesmente não coexistem por serem diferentes; desta forma, pergunto como posso existir num Universo onde minha mãe não existe e, da mesma forma, como pode ela existir no meu?!...A que se deve então a existência de dois universos distintos se ambos possuímos idênticos sentidos? A resposta deverá estar, por certo, na aculturação de cada um de nós ou no acumular de conhecimento que cada um foi adquirindo… A pergunta seguinte será saber se o Universo é uma “forma” de conhecimento ou uma verdade universal?...
4 comentários:
Cada um de nós está completamente e irremediavelmente só no seu universo. Isto não quer dizer que não tenhamos a companhia (a vizinhança) de outras pessoas nos seus universos! Alguns estão longe demais, fora do nosso alcance. Outros são-nos proximos. Alguns ainda - os mais raros de todos! - estão tão coladinhos ao nosso universo e têm uma atmosfera tão respirável para nós, que até podemos dar lá um saltinho e conhecê-lo bem :)
Um beijo, Quim!
"...muitos -- talvez todos -- dos buracos negros que se formam no nosso Universo poderão ser as sementes de novos universos." (John Gribbin). Gosto de pensar que o mesmo se aplica ao nosso universo pessoal.
Um beijo muito grande pela "oferta" da Gata :))
Olá vizinho. O teu texto é excelente. Lentamente, aprofundas e fundamentas duas existências interligadas e distantes no tempo e no conhecimento. Adorei. Bjos
É mesmo Sagitariano!!! lol. Malandra
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