segunda-feira, abril 11, 2005

escrevendo

"...neste momento são cerca de 11,30 da manhã desta segunda feira... por volta das 10 iniciei a minha habitual marcha pedestre; a necessidade de fazer circular mais activamente o sangue pelas veias e artérias deste corpo (ainda jovem, diga-se de passagem, mas com as marcas derivadas de uma vida sendentária de escritórios e ao volante de carros... 2 milhões de quilómetros percorridos ao volante dão uma idéia do tempo que passei em posição errada...), fazem com que cardio-vasculares-entendidos opinem nesse sentido... por isso o meu caminhar físico é nesse sentido e não o faço como gostaria de fazer que seria à beira mar, descalço, com os pés metidos água adentro e forçar a marcha ao longo da costa soprada pelo habitual vento norte de que tanto gosto sentir na face... porém, caminho mais no sentido metafórico, na contínua demanda de uma resposta que não encontro; claro que sim, claro que já encontrei muitas resposta mas há sempre uma outra e depois mais outra e ainda mais outra: é essa procura, essa busca que me dá o sal, o picante da vida e não a vida em si mesma... anos e anos vividos em intensa labuta e intenso prazer; vida que me presenteou e me multou... pagamos sempre um determinado preço por tudo o que nos é concedido e, acreditem, que nada nos é "dado" de borla; tudo tem de ser "pago"... existe apenas uma forma de enfrentar esse determinismo: é saber aceitar e continuar a caminhada... procuro encontrar as respostas que sei estão em algum lugar, provavelmente bem dentro de mim; mas a caminhada também é feita dentro e de dentro não podemos sair mas também não temos a obrigação de ficar... temos, então, de arriscar... de deambular... de escutar... de experimentar... de olhar... de tocar... de usar tudo o que somos na procura do que ainda não somos... caminho pelas ruas e ruelas das minhas ruas, dos meus cantos... passos curtos mas contínuos numa marcha cadenciada... comigo, ao lado, por vezes olhando para trás, vai o meu Black (o ser que mais invejo se inveja ter me é permitido), o simbolo da liberdade, o simbolo da amizade, o simbolo da fraternidade, o simbolo de todas as virtudes que seriam normal o ser humano possuir e apenas as vejo neste ser que me entende mais do que eu o entendo a ele; neste ser que mesmo com um olhito à Camões não deixa de sorrir para mim sempre que o chamo, sempre que o toco... infância passada (muito tempo) nas praias saudosas duma Foz antiga, do eléctrico "flechinha" como lhe chamavamos ao um que ia para Matosinhos, à ainda idêntica senhora da luz, às rochas com os mexilhões, ao passear até ao castelo do queijo e as idas a fugir até a um matosinhos de tascas e tasquinhas... a cerveja na cuf ali na Galiza... porto sentido da minha criança, da criança que ainda habita em mim e nunca deixará de existir... por isso, há sempre busca, há sempre a necessidade de entender... passear à beira rio é um bom passeio; o cheiro característico da ribeira... o passeio por massarelos, os pescadores debaixo da arrábida... por onde passeio eu?... pela vida, pela vida... tão doce e tão amarga... tão cheia e tão vazia... tão pura e tão impura... tão dual... e... tão única..."

11 comentários:

SaoAlvesC disse...

que bem entendo este teu passeio... tantas vezes ao caminhar tb eu me perco por outras paragens... tanto do que dizes é indiscutivelmente verdade!
bj pra ti... e boa semana pra ti e pra esse gato preguiçoso que tens aí mais abaixo!

andorinha disse...

Também eu entendo bem esse teu passeio. Continuas a encantar-me com a forma como dizes as coisas!
Beijinho

Anónimo disse...

Olá
Bem..hoje ninguém me peça para falar a sério. Desculpa mas não vou comentar o teu post (mas atenção, li-o.). Aqui entre nós que ninguém nos ouve, aquilo hoje ali está um bocado paradito, não achas? Toda a gente a concordar, a comentar o post do prof, tudo direitinho. Acho que já estou com saudades do núcleo duro! :))
Bem e agora vou desligar o pc que hoje foi um dia tremendo, ao contrário do teu gato que deve ter continuado a esperguiçar-se o dia todo sem se preocupar com nada.

Boa noite

Maite

Mitsou disse...

Muitas vezes o caminho tem mesmo de começar dentro de nós. Caso contrário, por muitos passos que dêmos nunca saímos do mesmo sítio. Beijo grande, Quim :)*

Eva Lima disse...

Gosto da tua escrita.

Anónimo disse...

Pois...
A galhofa atrai-nos mais que a tristeza - e ainda bem - mas hoje
prefiro enrolar-me neste quarto
acolhedor. Preciso tanto descansar!
Com esta música e as tuas palavras
estou no lugar certo...

Anónimo disse...

Quanto mais não fosse o teu texto fez-me viajar mais uma vez por essa cidade que também já sinto um pouco minha. Viajei pela foz, pela tal linha do electrico desde a Restauração até ao castelo do Queijo, pela praia, pelas rochas e seus recantos... tanta coisa! Continuas a partilhar atua vida connosco e a fazer nascer em nós um sentimento de companheirismo estreito. Aí está alguémq ue espero um dia ver num jantar de blogs, para ver se pelo menos atenuamos essa solidão de que tanto falas... Ah e nunca te esqueças q todos somos eternamente jovens. Não precisas de o lembrar. A tua escrita por vezes transmite isso mm. Um abraço - João A.

Anónimo disse...

Caminha pela Vida, que a Vida tem ainda, muito para te dar e, tu a ela, meu Amigo.

Adorei o teu texto.

Um abraço terno :-)

Anónimo disse...

Vejo, lobices, que ainda não aceitaste o meu repto para te juntares aos nossos comentários aqui no teu blog

Maite

lobices disse...

...to Maite:
...olá...obrigado pela visita
...quando ao repto (que não vi) não o posso aceitar porque nunca foi meu costume participar com a resposta aos meus queridos visitors
...foi uma experiência dessas que tive no meu blog inicial no Sapo que me fez ver da impossibilidade prática de a manter aqui
...estou aqui e sempre que queiram apto a responder por email desde que assim se me dirijam
...terei todo o gosto em o fazer
...beijinho Maite

Anónimo disse...

...tua forma de sentir a vida me atrai profundamente pois no fundo , te sinto um parceiro na minha propria caminhada diaria, na busca de quem realmente sou... no despir das vestes que assimilei em outras caminhadas, encontrando sempre ao final a doce crianca interior ainda capaz de olhar o mundo com os oculos da esperanca...um beijo na tua alma
lucia