sábado, novembro 13, 2004

decidir

Há sempre algo que nos impede de fazermos o que achamos que não devemos fazer; como que, dentro de nós, houvesse uma espécie de censura que velasse pelas nossas acções. O que podemos e o que não podemos fazer é algo que, primeiro, vai à loja da censura e só depois segue para fabrico. A forma final do produto é que poderá ser diversa daquela que foi projectada. Onde nos leva tal atitude? Que castração nos provoca semelhante sujeição? Porque não fazemos apenas o que nos apetece fazer? O que é isso de consciência? Uma espécie de balança com uma série de pratos onde são pesados todos os prós e os contras daquela acção planeada. Porém, porque razão agimos de imediato, sem pensar, em momentos de crise duma forma a que chamamos de instinto? Ou será que mesmo antes de agir instintivamente, a loja da censura funciona mesmo sem darmos por isso? Será que há, na mesma, um pesar na balança? Saltamos de imediato para o lado para evitarmos ser atropelados por uma carro mesmo sem vermos que podemos cair na valeta cheia de água suja da sarjeta; fugimos rápidos, em caso de incêndio por exemplo, da varanda para a rua sem olharmos à altura que nos separa dela e sem pensarmos que podemos partir uma perna. Porém, no dia a dia das nossas acções habituais de vida em que o instinto não é preciso, as nossas atitudes são “pesadas” antes de as tomarmos, como se de uma poção mágica se tratasse e fosse preciso tomar a medida exacta. Então, hesitamos antes de agir e somente depois actuamos. As nossas escolhas devidamente pensadas tanto podem dar para o certo como para o torto; não há maneira de sabermos se aquela decisão, ainda que devidamente gerida e equacionada, vai resultar em pleno. Mais tarde é que saberemos o resultado. Na verdade e a experiência mostra-nos isso, quando usamos o instinto, verificamos o resultado da acção então utilizada, de imediato, quer seja bom ou mau; também, de imediato, ficamos felizes ou infelizes com a opção tomada. Já quando apenas a tomamos depois de devidamente ponderada a questão, somente muito depois veremos o resultado; e até podemos viver angustiados aguardando o desfecho; será que fiz bem, será que fiz mal? E agora? Bem, só tenho que aguardar e esta espera, esta expectativa provoca angústia, provoca danos, provoca dor. Que faço? Escrevo um texto sobre que tema? Bem, vamos lá ver. Penso, repenso e nunca mais me surge a inspiração para desenhar algumas letras sobre um tema que nunca mais se faz luz em mim. Então, de imediato, começo a teclar instintivamente; saiu o que acabaram de ler; ao mesmo tempo que escrevia ia vendo o resultado de imediato daquilo que surgia no monitor. Não houve angústia; não houve dor. Utilizem o instinto o mais que puderem. Vão ver que, geralmente, dá certo. Também o pior que poderá acontecer é terem de perder tempo a ponderar a questão. Mas será que ponderar é assim tão mau? Não sei, a decisão é sempre individual. Façam o que vos aprouver; façam o que vos der na real gana. Sejam felizes nem que para isso seja preciso chorar um pouco. É que, às vezes, umas lágrimas clarificam a situação e o panorama, após o choro, é um pouco mais claro!...

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois...concordo plenamente :)
beijo
Cinda