...Nuno, é o meu primogénito
...faz hoje 35 anos que me deu a alegria de passar ao estatuto de pai
...longa caminhada esta que nos levou por estradas tão diversas
...sendas percorridas com risos e lágrimas
...metas que não estão escolhidas mas que serão atingidas
...com esperança no peito e um sorriso na alma
...parabéns, meu filho
...um beijo grande
terça-feira, maio 31, 2005
segunda-feira, maio 30, 2005
domingo, maio 29, 2005
hoje
"...hoje só quero um abraço... um terno beijo... um dizer, estou aqui... um sorriso espelhado bem fundo na alma ou mesmo do fundo do coração (não será a mesma coisa?)... hoje só quero um olhar... a palma da mão na palma da mão... um simples tocar... um roçar do dedo na face, num tactear furtivo ou mesmo desajeitado... um movimento leve dos lábios pronunciando a frase que ousas ouvir... hoje só quero algo tão simples como o simples desejo de ter-te aqui..."
sábado, maio 28, 2005
sexta-feira, maio 27, 2005
poetas
"...Há poetas que têm asas... e poesia em cada voo. Há poetas que nos enchem a casa... e que reencontramos em cada dor. Há poetas que são fogo e água e sol e terra... e de todos os elementos plasmam novo ser. Há poetas... que são simplesmente poetas. Há poetas... que ainda nem sabem que o são. Há poetas... imensos!... Eu conheci um dia um desses poetas... e sei hoje que um poeta nunca morre. Faz-se em vida mesmo na morte, solta asas e leva-nos no vento... protege-nos e faz-se ao caminho connosco. Peregrina em nós... que com ele peregrinamos... Bebemos o sorriso dos poetas... vemos pelos seus olhos, e por detrás desses olhos, uma alma brilha e ilumina cada recanto escuro da nossa própria alma. É em dias de negro e frio que mais precisamos dos poetas... são fonte, força e semente... Um poeta nunca mente... "chega a fingir que é dor a dor que deveras sente"... é nosso espelho e nosso sonho... é madrugada e fim de tarde... lua nova e lua cheia... São perenes todos os poetas... renascem e renascem... mesmo sem nunca morrer. Nada destrói nem a voz nem o sentir dos poetas... Podem ser usados, abusados, enegrecidos e deturpados... simplesmente são. Podem ser retalhados, citados e aviltados... Podem ser usados como arma de arremesso... Podem ser teorizados e complicados... Podem ser mitificados e cristalizados... Podem até servir de pasto em fogueiras inquisitoriais... Não são bíblia nem credo... e não se deixam rezar. Não são ameaça apocalíptica. Não são propriedade de ninguém. Não são espada nem guilhotina. Não cabem na pena nem no ódio de quem deles se apropria. São só poetas... são simplesmente imensos... não cabem em nenhuma semana nem se deixam aprisionar por nenhuma alma negra. São asas... não são anjos. E se agora sei, como tão bem sei, que as palavras nos podem fazem voar, que às vezes nos levam para lá do mar, em asas de vento, de dor e de amor... (mesmo sabendo que em palavras e por palavras se invocam os anjos...) sei também, como sabemos todos, que não há palavras que cheguem para fazer um anjo..."
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(from Bea at 24.01.01 in Sapo)
quinta-feira, maio 26, 2005
quarta-feira, maio 25, 2005
irrealidade real
"...o dia passa envolto em realidades; as coisas cercam-me e absorvem-me ou eu mesmo as absorvo; tomo-as como minhas ou elas mesmo me tomam como delas... surgimos frente a frente e iludimo-nos mutuamente; porque eu sou apenas mais uma das muitas realidades que a realidade me presenteia... não existem personagens, só coisas reais, protagonistas que vivem o ser algo num determinado momento... por isso, deixo passar o dia; pretendo que a noite chegue rápida e segura... a única oportunidade de poder criar as minhas personagens; a única vez em que o real deixa de existir e o sonho comanda o que sou e quem sou... o sono não demora a chegar e com ele a minha paixão se satisfaz: criar!... Então, todo eu deixo de ser o que sou e como sou e passo a ser o que não sou... as minhas personagens vivem outras vidas e no sonho me realizo porque a realidade do real não mo permite... deixo-me absorver na totalidade por todas as personagens que consigo criar e deixo de ser tudo o que sou; passo a ser o que não sou, talvez quem sabe o que sempre desejaria poder ser... bendito sono que me torna, na verdade, o que desejo ser... mesmo que isso seja apenas o pedaço de um sonho!..."
terça-feira, maio 24, 2005
segunda-feira, maio 23, 2005
claro que há
"...Procuro todas as razões possíveis e imaginárias para que, pelo menos uma, justifique o que acontece. Não encontro. Desesperadamente procuro uma razão até que chego à conclusão de que não é preciso razão. As coisas acontecem pelo simples facto de que têm de acontecer. Busca-se uma vida inteira pela razão que justifique determinado acto e ficámos apáticos quando não a vemos. Mas será que é preciso uma razão? Mas então, se não houver razão para que algo determine um acontecimento, por que se verifica esse facto? Vivemos no caos? O caos não precede ou procede com uma ordem ainda que sem ordem mas com uma necessidade de motivar novo facto? Tenho lutado este tempo todo comigo mesmo no sentido de tentar perceber. Não consigo. E isso me dana. Me dana o facto de não ser capaz, o facto de não conseguir, o facto de assumir a nulidade de tudo o que acontece. Não encontrando razão para o motivo dum fim, que razão determina um princípio? E, por que razão dura um certo espaço-tempo? Ou não há razão para nada? Será que somos apenas marionetas? Será que nem nos afectos somos os gestores dos mesmos? Será que não há razão para amar?..."
domingo, maio 22, 2005
sábado, maio 21, 2005
desejo
"...desespero na minha esperança de te ver doce e acre no meu ser... desespero na minha esperança de te ter bela e pura no meu coração... de luzes brilhando na minha escuridão, de perfumes banhada no meu mar, de anseios tantos que já não sei contar... como te espero tanto! Porque não vens? Porque não apareces na minha visão de luzes brilhando num manto de solidão. Porque não apareces na minha mente sedenta e nua do teu ventre como mãe surgida do nada do meu querer... porque não apareces na névoa quente do dia que passou ou do dia que virá? Porquê ? Desespero na minha esperança de te ver doce e acre no meu viver. Vem até mim Ninfa, Sereia... Todo eu, manto de plena areia, pronto a receber a alva espuma do teu espraiar... vem até mim Ninfa, Sereia de todo o meu mar!... Como te espero, como te quero... Vem..."
sexta-feira, maio 20, 2005
quinta-feira, maio 19, 2005
tudo
"...hoje não me apetece dizer-vos o que quer que seja... apetece-me apenas recordar o dia que passou rápido por mim... apetece-me recordar os momentos agradáveis... e somente isso, nada mais... nada mais vos dizer do que apenas o que acaba de ser dito, assim directo, simples mas tão cheio de tudo o que desejei..."
quarta-feira, maio 18, 2005
terça-feira, maio 17, 2005
silêncio
"...O silêncio está em vias de extinção... Parece ser um mundo perdido, exilado, depurado da sua sensualidade.. Por isso ainda vai havendo gente (afortunada?) que se refugia no resto que ainda resta do silêncio, reconstrói uma casa abandonada num sítio onde uma"civilização", ainda incipiente... espreita. Um sítio ainda sem caos, sem o fulgor dos hipermercados, sem as notícias a correr. E transforma uma eira abandonada num jardim de rosmaninhos e flores de alfazema. Um sítio que pode ser aqui, nesta cidade, num recanto qualquer... Reconstruir o silêncio, num vaso à janela, num passeio á beira rio, numa história que se conta... no prazer duma noite reencontrada... Vamos dar força ao silêncio? Como se ele nos levasse ao encontro de nós? O silêncio... que nos permita sentir, sentir, pensar, meditar... O silêncio... que nos permita contemplar, com surpresa e júbilo... O silêncio... que nos faça sentir a presença de alguém... O silêncio... que nos transforme os gestos... O silencio que nos murmure... O silêncio... que nos permita falar sem falar... O silêncio... que nos dê a presença de alguém, algures ao longe... O silêncio... do nosso encantamento. Precisamos de nos encantar... Projectar em nós, por entre cinzas e lágrimas, a forma mágica de ousar sentir, de ousar ser, sem limites... sendo apenas nós, mesmo em tardes de sol quando se está triste e o limite parece aquém do horizonte. Precisamos de sermos imaginados, com encantamento, por alguém... Alguém que nos aconchegue ao mundo, discretamente, e que entre o burburinho dos gestos vazios, nos escute... e seja o fulgor magnífico do nosso próprio silêncio... Alguém... Nós, tu. Somente alguém. Talvez apenas esse silêncio.
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(texto de autoria devidamente identificada)
segunda-feira, maio 16, 2005
domingo, maio 15, 2005
relaxando
...ouvindo o som do silêncio de mansas águas...
...neste Domingo, ao fundo, a Barra de Aveiro...
sábado, maio 14, 2005
o "Almirante"
...chamavam-lhe "O Almirante" pelo seu porte altivo, pela sua nobreza, pelo seu carácter, pela sua soberba figura de gigante; nos seus 2,10 m. de estatura; assim era o pai do meu pai; ainda me lembro dele e da sua voz grave; ainda me lembro da sua agonia no leito onde suspirou pela última vez; foi há mais de 55 anos; hoje lembrei-me dele apesar de todos os dias passar pela parede onde ele se encontra emoldurado nesta foto; diziam que ele era especial; diziam que o meu pai, já casado, ainda levou uma estalada dele; era apenas um simples funcionário alfandegário, no entanto, tratavam-no por "Almirante"!...
sexta-feira, maio 13, 2005
antítese
"...Porque te sentas de pernas cruzadas sobre a nudez do teu silêncio? Para te ouvires desejando não ouvir o que não és capaz de pensar? Porque te sentas de costas voltadas à treva se da treva vem a luz que te cega? Para não olhares, para não veres o que sempre desejaste ver? Porque me dizes que sim quando do teu peito sai um gritante não? Para não teres de balbuciar um talvez? Porque pensas que pensas o que não pensas? Para pensares no que eu penso que tu pensas? Não, o melhor é mesmo não pensares. Porque sentes que a vida te foge por entre os dedos se as tuas mãos estão presas e cheias de dúvidas? Porque desejas libertação se o que intimamente queres é estar quieto na bonomia do turbilhão? Porque calas o teu grito se do fundo da tua mansarda revelas a negrura da alma que te compõe o sentir? Porque não mentes se é tão doce mentir? Porque não calcas a doçura do mel? Porque não espezinhas a palavra calada? Porque não escreves o nada que temos para dizer? Que te disse eu que tu já não soubesses? Aprendeste algo mais para além daquilo que já não sabias? Que sabes tu da ignorância que te cerca se a certeza de saber é apenas uma incógnita que nos abala a consciência de nada sabermos, ou apenas de sabermos que nada sabemos? Para que viemos aqui? Para que é que estamos aqui? Para dizermos tudo quando apenas dizemos nada?..."
quinta-feira, maio 12, 2005
quarta-feira, maio 11, 2005
testemunho de amor e dor
...apenas porque conheço a autora deste texto; apenas porque conheço a sua dor; apenas porque sei quão grande mulher e mãe ela é; apenas em homenagem viva num grito de admiração, eu atrevo-me a copiar para esta minha humilde casa, o seu grito de amor/dor...
...um abraço enorme minha amiga e aceita este meu acto como oferta da paz que precisas...
...perdoa-me por este abuso:
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"…vou falar de AMOR. Há muito que não o faço… Faz agora um ano. As saudades do cheiro e de te ouvir aumentam. Continuo a acordar de noite e pensar que ainda te posso olhar nos olhos e dizer que te amo e saber que acalmas até para poderes respirar melhor. Reconheceres a minha voz, o meu cheiro, o meu toque e acabares por adormecer no meu colo. Continuo a sonhar…Acordar na realidade no meio disto dói e fico vazia, tu não estás cá, não estás mais cá. Há quem escreva uma música “Tears in Heaven” de Eric Clapton, há quem escreva um livro “Paula” de Isabelle Allende, eu grito por dentro, eu choro para mim, por ti, pelo meu egoísmo, porque sei que estás em paz, que finalmente dormes um sono verdadeiramente descansado. Todos me dizem: “Vai lá, vai vê-lo…” VER o quê? Pergunto!!! Uma pedra em que gravaram parvoíces, hipocrisias! Não consigo… Tu estás ali, mas não estás, não és tu! Fico zangada quando vou, zangada por ler, zangada porque até isso me conseguiram roubar, tiraram-me a última palavra. Bem sei que tu estás sempre comigo, continuas a ser a minha dor, apesar de saber que não haverias de gostar de me ver triste todos os dias. A tua irmã continua a ser o meu Sol, mas é por ti que continua a doer-me o coração, é em ti que penso desde o nascer do sol até ao pôr-do-sol. Desculpa, não consigo deixar-te ir, marcaste bem a tua passagem. Nasceste no dia de anos de teu pai e eu enterrei-te no dia dos meus… Só isto diz tudo… Este ano dei-te os parabéns, comprei-te uma prenda que nunca vais desembrulhar. Hoje deixo-te estas palavras aqui, porquê? Porque no sítio onde estás não é onde deverias de estar, porque fecho os olhos e vejo-te a seres levado para longe, estás frio e sempre quente dentro de mim. É contraditório eu sei. Deixo-te estas palavras aqui porque não vou escrever um livro, nem compor uma música. Porque quis gritar bem alto a minha dor, porque eu amo-te muito meu filho!..."
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(from: wingsofdesire in A&C Fóruns do Sapo)
terça-feira, maio 10, 2005
segunda-feira, maio 09, 2005
poema
"...eu hoje queria compor um poema para ti... queria dedicar-te, amor, a mais bela poesia que exprimisse a nostalgia das horas longe de ti... queria dizer-te quão triste é o ciúme que persiste e em minh` alma penetra!... oh... se eu fosse poeta!... quereria cantar o suavíssimo calor do teu olhar, e depois... depois rimar o nosso amor!... se eu fosse poeta, em estrofes dir-te-ia que és o sonho, és a magia que meu coração desperta... e cantaria no final um grande amor sem igual que em sonhos flutua!... e, com ternura e com paixão dar-te-ia meu coração, amando-te com todo o ardor, pois tu és tu, minha e meu amor!..."
domingo, maio 08, 2005
sábado, maio 07, 2005
transmitir
“…não sei se alguma vez te disse o que sinto quando penso em ti… também não sei como descrever, como dizer?... é algo que, se calhar, não pode ser descrito; é só sentir, está dito!... Porém, também não sei se alguma vez te conseguirei dizer o que sinto quando penso em ti… às tantas, de tanto sentir, ficarei incapaz de o dizer, porque sentir é algo apenas e muito de cada um de nós… como é que será possível transmitir o que estamos a sentir dentro de nós?... Como fazer o outro “viver” a nossa forma de sentir?... Não sei, acho que não conseguirei nunca dizer o que sinto quando penso em ti, mas se calhar, é quanto baste, dizer apenas que sinto e ficares a saber que sim, que sinto algo que não consigo descrever quando penso em ti… por isso, olha, no mínimo tenta sentir que há algo que eu sinto e, se sentires é porque eu te consegui transmitir… e isso será muito bom…”
sexta-feira, maio 06, 2005
quinta-feira, maio 05, 2005
saldo
"...nunca estranho o sabor de uma derrota
...apenas pelo facto de já a ter combatido;
...não estranho, pela razão de que ele de mim brota
...em pequenos traços de um pincel combalido
...de pêlos de crina de algum cavalo um dia alado
...ou mesmo daqueles que cavalgam na vinda e na ida...
...é o sabor da derrota que me dá o gosto da vitória
...quando a alcanço no dia a dia em que debito a memória
...e na minha alma credito o saldo da minha vida..."
...apenas pelo facto de já a ter combatido;
...não estranho, pela razão de que ele de mim brota
...em pequenos traços de um pincel combalido
...de pêlos de crina de algum cavalo um dia alado
...ou mesmo daqueles que cavalgam na vinda e na ida...
...é o sabor da derrota que me dá o gosto da vitória
...quando a alcanço no dia a dia em que debito a memória
...e na minha alma credito o saldo da minha vida..."
quarta-feira, maio 04, 2005
terça-feira, maio 03, 2005
acordei 3 (última carta)
“…já é habitual eu acordar a meio da noite; é sempre naqueles intervalos entre o efeito das drogas que me dão; aproveitei sempre esses momentos para te escrever, meu amor; porém, estou convencida que esta será a minha última carta e, sinceramente, não sei o que te quero dizer… meu amado, meu bem, meu doce, meu tudo, meu ser, minha alma, minha única razão de existir: não sei sequer se irás ler estas minhas palavras; como é hábito e tu sabes, devem ser 4 da manhã; está na hora de mais uma dose e a enfermeira deve estar a chegar; restam-me poucos minutos e estas serão as últimas que vou poder te escrever; as outras cartas que te enviei, onde recordava tudo o que de belo e bom tivemos durante os tempos em que estivemos juntos, também não sei se foram parar às tuas doces mãos, (tão doces de todas as carícias que me levaram ao êxtase e ao delírio, tão suaves que eram, meu amor, tão doces que as sentia em mim como se minhas fossem, como se me pertencessem desde sempre); não sei se te disseram como estou, não sei se sabes no que me tornei… mas, há cerca de meia dúzia de dias (como se contam os dias aqui?... não me perguntes porque não te sei responder…) ouvi-os dizer que já não havia nada a fazer e que a única forma era o isolamento total e final… vão, pois, privar-me da única coisa que tinha vinda do exterior: a luz da lua nas noites frias porque sem ti e da luz do sol gelado porque não a teu lado; tiram-me também o bater das gotas da chuva que me faziam contar os segundos em que olhava o tecto e recordava tudo o que fomos… vão, portanto, enviar-me para longe de mim mesma, encharcar-me de drogas e mais drogas para que eu não possa reagir e gritar como tenho gritado estes últimos anos; gritado por ti, meu amor, gritado pela tua ausência, pelo amor que tivemos, por tudo de bom que passámos, por tudo o que está gravado na minha alma, na minha pele, no meu ser, na minha totalidade… como dizer-lhes que não estou louca, como dizer-lhes que o que sou é apenas o resultado do que fomos; como dizer-lhes que nada tenho porque apenas e só tu me faltas e que nada mais desejo que não seja o que um dia fomos… queria, antes de ir, antes (eu sei) de morrer de falta de ti, olhar-te apenas mais uma vez; fixar teus olhos e sorrir no teu sorriso; tocar teus lábios e tornar-me num beijo; sentir tuas mãos nos meus seios e ser eu mesma esse toque; sentir teu sexo me penetrar e ser eu mesma a penetração… meu amor, apenas uma última vez e eu ficaria curada… mas tenho consciência (sabes aquela consciência que nos resta no intervalo curto entre as injecções) de que tal não vai acontecer e sei que o meu túmulo estará naquelas 4 paredes sem grades porque sem janelas; já tinha ouvido falar delas quando cá entrei… ouço passos; deve ser a enfermeira do turno da noite; deve ser a próxima toma de mais um calmante… o habitual, a norma, o gesto, o ritual, a morte em ensaio… sei que já não vou ter mais tempo; o tempo terminou… vou levar comigo todas as recordações que me restam porque nada mais tenho nem nada mais quero: quero apenas que não me tirem a recordação do som do teu riso, o sabor do teu toque, o brilho do teu olhar… isso eles não me conseguem tirar… é isso o que vou levar comigo… quando partir para sempre deste corpo físico que já nada sente, irás dentro da minha alma e serei sempre feliz para onde quer que eu vá, tu estarás lá… eu sei, meu amor, eu sei… me despeço para todo o sempre… deixo-te a minha paz, a paz que obtive na loucura do nosso amor, a paz que me toca ao de leve enquanto sonho contigo… nada mais resta… perdoa-me por te ter amado tanto; perdoa-me por não conseguir deixar de te amar; perdoa-me por te levar comigo no meu coração… adeus, meu amor
…a tua Maria
…a tua Maria
segunda-feira, maio 02, 2005
domingo, maio 01, 2005
destino
"...Ontem, inesperadamente, rompeste a chorar... De há dias para cá, que a melancolia te anda a torturar sem verdadeiro motivo, ou talvez mesmo conhecendo tu a razão... E´ talvez a tua verdade a tomar consciência do teu destino... Uma infinidade de pequenas coisas obscuras contribuíram para formar essa angústia que te oprime e te faz sofrer... E o coração, em tumulto, quisera gritar o desespero que os lábios não sabem exprimir... Pois bem, o teu pranto é semelhante à chuva de Abril que torna mais verdejante o jardim... Talvez, pelo contrário, não consigas chorar, e semelhante angústia sacode-te com violência e abala-te o coração, a ponto de desejares morrer... Somente os olhos reflectem a tempestade interior e buscam em vão um pouco de azul... E tens a sensação de que, se pudesses chorar, te sentirias liberta... Mas não és capaz, e nem sequer podes falar... Sim, a tua angústia é semelhante a um céu fechado, que um dia se abrirá para fazer triunfar o sol... Porventura a tristeza que sentes é já um presságio... Talvez uma oferta inconsciente de amor para com tudo e para com todos... Talvez e apenas o teu simples destino de mulher..."
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