sexta-feira, maio 13, 2005

antítese

"...Porque te sentas de pernas cruzadas sobre a nudez do teu silêncio? Para te ouvires desejando não ouvir o que não és capaz de pensar? Porque te sentas de costas voltadas à treva se da treva vem a luz que te cega? Para não olhares, para não veres o que sempre desejaste ver? Porque me dizes que sim quando do teu peito sai um gritante não? Para não teres de balbuciar um talvez? Porque pensas que pensas o que não pensas? Para pensares no que eu penso que tu pensas? Não, o melhor é mesmo não pensares. Porque sentes que a vida te foge por entre os dedos se as tuas mãos estão presas e cheias de dúvidas? Porque desejas libertação se o que intimamente queres é estar quieto na bonomia do turbilhão? Porque calas o teu grito se do fundo da tua mansarda revelas a negrura da alma que te compõe o sentir? Porque não mentes se é tão doce mentir? Porque não calcas a doçura do mel? Porque não espezinhas a palavra calada? Porque não escreves o nada que temos para dizer? Que te disse eu que tu já não soubesses? Aprendeste algo mais para além daquilo que já não sabias? Que sabes tu da ignorância que te cerca se a certeza de saber é apenas uma incógnita que nos abala a consciência de nada sabermos, ou apenas de sabermos que nada sabemos? Para que viemos aqui? Para que é que estamos aqui? Para dizermos tudo quando apenas dizemos nada?..."

29 comentários:

Anónimo disse...

...mais uma vez as palavras que aqui leio foram uma brisa suave que me perfumou a alma.....

Mitsou disse...

Perguntas que todos nos fazemos e poucos são os que as vêem respondidas. Beijo grande, Quim :)

Anónimo disse...

Des mots, rien que des mots,
Des mots si beaux...
Ils veulent sortirent
Mais n'y arrivent pas
Des mots d'amitié, d'amour
Des mots que le coeur veut resortir
Des mots qui dévoilent ce que l'on ne dit pas
Des mots que l'on ne dit pas toujours,
Seul le coeur peut les dires
Seul lui peut les faire ressortir...
Mais le coeur ne parle pas
Il reste dans un silence...
Et le sentiment reste inconnu...

Anónimo disse...

"seul le coeur peut les dire..."

Bon weekend
Aujourd'hui je me sens triste, tu sais?

Anónimo disse...

"...Porque te sentas de pernas cruzadas
sobre a nudez do teu silêncio?
Para te ouvires desejando não ouvir o que não és capaz de pensar?"

Que rumor consegue ainda magoar-te,
deixar-te inquieto e só à volta das palavras?
Que rumor pode levar-te a escrever assim?

Com as mãos
perdidas desfazes a imagem
à espera
que a parede se abra
Será a última parede do labirinto?

"Porque sentes que a vida te foge por entre os dedos
se as tuas mãos estão presas e cheias de dúvidas? "

É O mar, e por cima de nós os ramos
do crepúsculo, e os remos do sol que
se afundam no mar do horizonte...


"Porque não mentes se é tão doce mentir?
Porque não calcas a doçura do mel? Porque não espezinhas a palavra calada?"

Os navios existem, e existe o teu rosto
encostado ao rosto dos navios.
Sem nenhum destino flutuam nas cidades,
partem no vento, regressam nos rios...


"Que te disse eu que tu já não soubesses?
Aprendeste algo mais para além daquilo que já não sabias?"

Já alguém viu o meu sonho?
Julgo que não.

Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.


"(...) de nada sabermos, ou apenas de sabermos que nada sabemos?"

Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...

E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...

"Para que viemos aqui? Para que é que estamos aqui?"

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas e montanhas cinzentas
(...)
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação.

"Para dizermos tudo quando apenas dizemos nada?..."

As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.

"(...)Que sabes tu da ignorância que te cerca se a certeza de saber é apenas uma incógnita(...)?"


Às quatro da manhã, arranco
ervas daninhas do arrozal.
Mas que é isto: orvalho do campo,
ou lágrimas de dor?


Então como esquecer-te?
Ahh! Mas as paisagens...os contrastes
a antítese..
Arrependi-me de tanto negar querendo...
de tanto adormecer com sonho em sonho negado..
de tantos nadas que assumi, de tantos até.. já que não disse

Vagueando no lobices..com poemas de Helberto Helder,
Eugénio de Andrade, Luís Filipe Castro Mendes, Nuno Júdice, Manuel Gusmão, Florbela...
à mistura com algumas palavras minhas..palavras vagabundas..

E um grande abraço a ti, Quim..por seres quem és.

Anónimo disse...

Woelfin:

Correction:
Elles (les mots) veulent sortir.

Art Sullivan :)

Anónimo disse...

Espero que o teu sonho se concretize, Guadalupe

Já me sinto mais feliz...
Já não tenho mais nada a dizer...
palavras para quê?
Adeus a todos
Um abraço

Anónimo disse...

Woelfin:

Je corrige ma correction:
Ils veulent sortir.

Bisous :)
Art Sullivan

wind disse...

Gostei. bjs

Anónimo disse...

Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim

by Herbert Viana

Meu coração
Sem direcção
Voando só por voar
Sem saber onde chegar
Sonhando em te encontrar
E as estrelas
Que hoje eu descobri
No seu olhar
As estrelas vão-me guiar

Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos
Dentro de mim
E vivesse na escuridão
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores
Por onde eu vi
Dentro do meu coração

Hoje eu sei
Eu te amei
No vento de um temporal
Mas fui mais
Muito além
Do tempo do vendaval
Dos desejos de um beijo
Que eu jamais provei igual
E as estrelas dão um sinal

Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos
Dentro de mim
E vivesse na escuridão
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores
Por onde eu vim
Dentro do meu coração

Artie Sullivan?
Are you there?
Posso ter uma flor amanhã?

Anónimo disse...

Podes ouvir esta canção por mim, hoje?
É difícil, sabes, desligar-me de ti...

Anónimo disse...

By Art Sullivan

Toi qui n'as pas voulu de moi
Toi qui n'as pas voulu comprendre
Toi qui n'as pas voulu m'attendre
Toi qui passais sans me voir
Toi qui ne m'aimais pas
Adieu, sois heureux
Adieu et bonne chance
Avec celui que ton cœur à choisir
Toi pour qui j'ai tant chanté
Toi pour qui j'ai trop pleuré

Artie Sullivan

Anónimo disse...

Coorection:
To Artie Sullivan
Lieber Wolf

Anónimo disse...

Art Sullivan? I never heard about him?
Sorry

Anónimo disse...

Correction:
...about him!!!

Anónimo disse...

...telepatia?...impressionante...um beijo.
lua

Anónimo disse...

Lua?
Art Sullivan?
Não me baralhem mais...

Amar é o meu caminho...

Anónimo disse...

ehehehehe
A confusão que eu arranjei :))

Art Sullivan (the one and only)

Anónimo disse...

Para Anonymous..

"A paixao tarda em ser louca
E a dor, se existe, nao é mais que pouca…"

Sou apenas uma "out sider", escrevo umas coisinhas .. aprendendo a navegar nas doces noites da net..em breve pegarei no meu paraquedas, e desço para a planície:)

A ti..um abraço-:)

Maite disse...

Art Sullivan?!!!!!!!!!!
Há que séculos não ouvia falar dele!!!
Mas há sempre alguém que nos lembra de coisas que esquecemos :)

Bom dia lobices e bom fim de semana para todos

eduardo disse...

Por vezes me interrogo no mesmo sentido, Quim. As respostas é que podem ser diferentes por cada um de nós que faça o mesmo.

Tem um bom fim de semana.
Um abraço.

Su disse...

gostei do que li e me fez sentir!

As palavras ...
As palavras são boas, as palavras são más.
As palavras ofendem.
As palavras pedem desculpa.
As palavras queimam.
As palavras acariciam.
As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes. Algumas palavras sugam-nos, não nos largam: são como as carraças: vêm nos livros, nos jornais, nos “slogans” publicitários, nas legendas dos filmes, nas cartas e nos cartazes.
As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas com o óleo da paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas, por isso as pessoas fazem o contrario do que pensam, julgando pensar o que fazem.
Há muitas palavras.”
José Saramago

Su disse...

Há palavras que fazem bater mais depressa o coração – todas as palavras – umas mais que as outras, qualquer mais que todas. Conforme os lugares e as posições das palavras. Segundo o lado de onde se ouvem – do lado do Sol ou do lado onde não dá Sol. Cada palavra é um pedaço de Universo. Um pedaço que faz falta ao Universo. Todas as palavras juntas formam o Universo. As palavras querem estar nos seus lugares!
Almada Negreiros

...diz bem A.N. que as palavas querem estar nos seus lugares ! mas às vezes não estão ... ficam perdidas no não dizer !

Anónimo disse...

Scorpions - Are You The One?

"Another rainy morning
People rushing by
My head is still in the clouds
I dream with open eyes
Suddenly out of nowhere
She came into my life
Like we know each other
For quite a while

In the sound of silence
Time is standing still
There's some kind of bond between us
That's givin' me the chill
Do you really wonder
That we can burn the sky
It's written a thousand years ago
In the book of life

Are you the one that God had made for me
Are you the one who's always in my dreams
The one who keeps me goin'
When I can't go on
The one that I've been waiting for
For so long

Oh, yeah

Suddenly out of nowhere
She came into my life

Are you the one that God had made for me
Are you the one who's always in my dreams

Are you the one that God had made for me
Are you the one who's mine eternally
The one who keeps me dreamin'
When I'm sad and tired
Who gives my life a meaning
Till the day I die

Are you the one?"

piquica :)*

Anónimo disse...

...suddenly out of nowhere
...he came into my life
...like we knew each other for quite a while

Maria

...loves roses
so is sending a rose to you too
:)

Anónimo disse...

Boa tarde a todos..sou um ser virtual.Em todo o caso, chamo-me Fernanda.
Muito prazer.
Deixo-vos com uma canção...

"Só hoje senti
Que o rumo a seguir
Levava pra longe
Senti que este chão
Já não tinha espaço
Pra tudo o que foge
Não sei o motivo pra ir
Só sei que não posso ficar
Não sei o que vem a seguir
Mas quero procurar

E hoje deixei
De tentar erguer
Os planos de sempre
Aqueles que são
Pra outro amanhã
Que há-de ser diferente
Não quero levar o que dei
Talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar
Um pouco de céu
Um pouco de céu

Só hoje esperei
Já sem desespero
Que a noite caísse
Nenhuma palavra
Foi hoje diferente
Do que já se disse
E há qualquer coisa a nascer
Bem dentro no fundo de mim
E há uma força a vencer
Qualquer outro fim

Não quero levar o que dei
Talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar
Um pouco de céu
Um pouco de céu"

(Mafalda Veiga)

Anónimo disse...

errata: Fernanda Guadalupe..:)

Um abraço...

lobices disse...

...to all of you:
...
...thanks for your kindly words
...
...and a rose, of course...
...
:)

Raquel Vasconcelos disse...

De repente parecia uma mesa de poetas, cada um jogando a sua carta... muitos comentários belos...

"antítese"
Eternamente assim...

*