quarta-feira, maio 11, 2005

testemunho de amor e dor

...apenas porque conheço a autora deste texto; apenas porque conheço a sua dor; apenas porque sei quão grande mulher e mãe ela é; apenas em homenagem viva num grito de admiração, eu atrevo-me a copiar para esta minha humilde casa, o seu grito de amor/dor...
...um abraço enorme minha amiga e aceita este meu acto como oferta da paz que precisas...
...perdoa-me por este abuso:
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"…vou falar de AMOR. Há muito que não o faço… Faz agora um ano. As saudades do cheiro e de te ouvir aumentam. Continuo a acordar de noite e pensar que ainda te posso olhar nos olhos e dizer que te amo e saber que acalmas até para poderes respirar melhor. Reconheceres a minha voz, o meu cheiro, o meu toque e acabares por adormecer no meu colo. Continuo a sonhar…Acordar na realidade no meio disto dói e fico vazia, tu não estás cá, não estás mais cá. Há quem escreva uma música “Tears in Heaven” de Eric Clapton, há quem escreva um livro “Paula” de Isabelle Allende, eu grito por dentro, eu choro para mim, por ti, pelo meu egoísmo, porque sei que estás em paz, que finalmente dormes um sono verdadeiramente descansado. Todos me dizem: “Vai lá, vai vê-lo…” VER o quê? Pergunto!!! Uma pedra em que gravaram parvoíces, hipocrisias! Não consigo… Tu estás ali, mas não estás, não és tu! Fico zangada quando vou, zangada por ler, zangada porque até isso me conseguiram roubar, tiraram-me a última palavra. Bem sei que tu estás sempre comigo, continuas a ser a minha dor, apesar de saber que não haverias de gostar de me ver triste todos os dias. A tua irmã continua a ser o meu Sol, mas é por ti que continua a doer-me o coração, é em ti que penso desde o nascer do sol até ao pôr-do-sol. Desculpa, não consigo deixar-te ir, marcaste bem a tua passagem. Nasceste no dia de anos de teu pai e eu enterrei-te no dia dos meus… Só isto diz tudo… Este ano dei-te os parabéns, comprei-te uma prenda que nunca vais desembrulhar. Hoje deixo-te estas palavras aqui, porquê? Porque no sítio onde estás não é onde deverias de estar, porque fecho os olhos e vejo-te a seres levado para longe, estás frio e sempre quente dentro de mim. É contraditório eu sei. Deixo-te estas palavras aqui porque não vou escrever um livro, nem compor uma música. Porque quis gritar bem alto a minha dor, porque eu amo-te muito meu filho!..."
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(from: wingsofdesire in A&C Fóruns do Sapo)

17 comentários:

Mitsou disse...

Um abraço apertado e comovido pelo teu gesto.

Anónimo disse...

Não há maior dor que a perda de um filho
Só quem passa por esses momentos tão difíceis é que sabe o que está a passar
Não há palavras de conforto, há gestos

e o seu foi um gesto muito sentido
Um abraço

Anónimo disse...

Relatórios a preencher neste computador..,telefone que toca incesssantemente e algum cansaço(apesar de a Saúde ser ainda uma paixão..). Hoje, pela primeira vez, não li o Quim. São horas de rumar à avenida, apanhar o autocarro, não me esquecer de ter o "passe" à mão. Antes, tenho que ir ao lobices. E vim. E li. Mas não posso dizer nada, não posso!
Não sou capaz de escrever seja o que for...Decido ir a pé...calmamente..tentando que assim se vá diluindo, em mim, esta emoção.

Um abraço

wind disse...

Emocionante.

Anónimo disse...

Sem palavras...basta sentir.
Um beijo.

Cris disse...

Queria deixar aqui um mar de palavras, mas n consigo...
Fica o meu silêncio profundo... e um beijo a ti e a esta mãe...

Anónimo disse...

Consegues ver para além dos meus olhos? Pego nas palavras aqui escritas,nestas minhas mãos que não as podem agarrar...elas já flutuam,tão perto desse amor e dessa dor.
E aqui fiquei, na noite em que o sono tarda..Eu sei que hoje, sem asas, conseguimos voar mais alto.

Um abraço

Anónimo disse...

enterrar um filho deve ser dos piores pesadelos que nos pode acontecer, Deus me protega!
esta mulher está profundamente deprimida e precisa de ajuda. passado um ano após a morte de alguém que amamos é quando se dá a chamada grande depressão, alguém lhe dê uma mão, alguém que lhe dê ajuda.
sofialisboa

Anónimo disse...

"Mãe, vamos dar uma volta, temos que sair...
E a minha mãe olhava todos os dias pela janela... para o Céu, para as nuvens...
com esse olhar tão triste
passou uns tempos em minha casa após a morte do meu irmão
também eu estava triste
tão triste
é uma tristeza que nos conduz quase à loucura
e a impotência que sentimos em querer ajudar e não conseguir
Dizia sempre à minha mãe que sentia o meu irmão ali, junto de mim, a proteger-nos
ao fim de algum tempo consegui
já lá vão oito anos

Vejo o olhar dessa mãe nos olhos da minha mãe.
Força, Mãe
Não se isole...

Um grande abraço

Anónimo disse...

...obrigada Quim... eu sei, que ele sabe... eu sei...

monalisa disse...

Nada poderá ser mais doloroso,mais tumultuoso do que a morte de um filho.
Como conseguir encontrar forças para aceitar que aquele a quem demos vida,morra antes de nós, deixando-nos com o vazio da sua presença???
Quantas promessas,quantas esperanças,quantos sonhos,quantas histórias,quantas canções ficaram por cumprir???
Nada poderá fazer desaparecer essa dor,nem o tempo,nem as palavras,nem qualquer oração...No entanto,viver é possivel e encontrará a paz.

Anónimo disse...

Desculpe, mas esqueci-me de assinar no post
das 11.25 am

Sinto sempre um grande aperto no coração
Um beijo para esta Mãe

Anónimo disse...

Ave Maria
Gratia plena
Maria, gratia plena
Maria, gratia plena
Ave, ave dominus
Dominus tecum
Benedicta tu in mulieribus
Et benedictus....

Há gente que fica na história da gente...E só encontro esta maneira certa de dizer, a uma desconhecida:
Estou contigo. Eu sei...

Cai a tarde.Tempo de atravessar a avenida, e é nessa mulher que deixo, por instantes, o meu coração....

Su disse...

sem palavras, só com sentimento, e já agora esta frase serve bem em ti:

"Se todos os teus meus amigos tivessem que pular de uma ponte, tu não pularias com eles; tu estarias no fundo para pegá-los."

Anónimo disse...

Por vezes quando leio algo tão doloroso como estas palavras... apetece-me nunca mais ligar a esta rede q me coloca em contacto com o mundo...
Vejo demasiada dor...

mariabesuga disse...

Nem sempre os amores, mas algumas, estas, dores são para a vida toda. Nem o tempo, nem o tempo...
Belmira

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Volto aqui, embora continue sem palavras em que confie. como se faz o luto de um filho? alguma vez tem fim esse luto? apenas se aprende a viver com a dor ao fim de algum tempo, dizem. Na minha familia, aconteceu há anos uma morte muito prematura - um primo. Durante mais de 10 anos vi a minha tia sofrer, lembro-me que ela chorava nos pequenos momentos felizes do dia, chorava como quem pestaneja, quase sem dar conta. Porque ele não estava ali naquele preciso momento em que teria razões para sorrir. Ela ficou com medos. Quando a outra filha casou, não desejava netos, tinha medo de tb os perder. Mas a minha prima teve filhos e na verdade, foi depois desses nascimentos que ela pp "renasceu". Conseguia esquecer a dor. Um dia disse-me que agora acordava com vontade de proteger e que já não tinha medo de falhar! Percebi que ela se culpava pela morte do filho (obviamente sem nenhum fundamento objectivo). É claro que cada caso é um caso. Mas parece-me que face a estas perdas terríveis perdas, o que é difícil é encontrar paz. É isso que desejo que aconteça o quanto antes a esta mãe.